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Carta à minha mãe


Sendo curta e verdadeira: Amo-te e sinto saudades tuas, muitas. E ainda amaldiçoou-o o dia em morreste.

Mas por incrível que pareça, e por mais estranho que seja: Os dias vão passando.

Faço a minha rotina quase em modo automático, tenho momentos de pura diversão, e felicidade.

A vida tem-me dado arrepios e gargalhadas puras e profundas.

Esse vazio que a tua partida deixou, nada nem ninguém consegue preenchê-lo.

Mas a vida tem-se feito…

A custo, é certo. Sei que já te desiludi muitas vezes, mas continuo aqui.

Cada vez mais forte, cada vez mais confiante.

É incrível a capacidade que tens de me ensinar, de me guiar, de me amar mesmo já não estando aqui.

Sinto-te sempre por perto. É mesmo verdade.

Tão verdade que às vezes caio, inocentemente na asneira de me esquecer que já te foste.

E é aí nesse momento que desesperada, percebo a nova realidade em que vivo.

Naquele momento que me encontro numa tarefa banal e de repente surgem imagens daqueles derradeiros dias, assim, sem avisar, sem contar…

E como a memória é boa a guardar esses dias…

São meros segundos que me cortam o ar, me congelam os movimentos…

Caramba, passei mesmo por tudo aquilo…

A minha vida existe mesmo sem a tua presença…

Como, raio isto é possível? Como?

Como vês, minha querida mãe, eu tento mas não consigo me conformar.

Desculpa.

Sinto falta de falar contigo, de me rir contigo.

Sinto falta da tua comida, do teu abraço.

Sinto falta da tua teimosia, vê lá tu…

Mãe, amo-te e tenho saudades tuas, muitas…


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